domingo, 2 de maio de 2010

A Ordem de Razakk


Ah, nerds, vocês já devem ter percebido que eu não sou muito normal.
Bem, pra tornar minha nerdice épica, eu vos trago um lindo texto: O prólogo do meu livro futuro!
Não, não postarei nada além disso, e nem reclamem. Vai que eu mudo de idéia...


-------------------------------------------------------------------------------------------------
A Ordem de Razakk

Prólogo
O Homem e o raio
Bitts estava muito ansioso em sua pequena cabine claustrofóbica no navio que ia para o Sul, Mais especificamente, para a cidade de Kaigi. Ele fora chamado para fazer parte da Associação dos Escritores, onde poderia finalmente se juntar à muitos companheiros e colocar suas histórias no papel. Kaigi era a grande capital de Migi-Zilli, a Zilli do Oeste.Cada Zilli é uma ilha, do tamanho de um pequeno país. Elas ficam espalhadas por onde se pode chegar atualmente no mundo, antes das Bordas Negras – grandes montanhas que cercam essas ilhas por todos os lados, e que nunca foram exploradas. O clima das ilhas é muito variado para tão pouco espaço, é como se fosse um pequeno planeta dentro de algo maior. Só Migi-Zilli já tinha áreas desérticas, vulcânicas e florestais. Bitts, por exemplo, vinha de Syngi, uma das maiores cidades de Migi-Zilli, bem ao nordeste, na área mais quente. E seu destino, Kaigi, era num ótimo e agradável clima nem quente nem frio.
Ele já estava saindo do Estreito das Eras, e logo o navio poderia navegar bem mais rápido, sem ter que se preocupar com rochas, até o Segundo Estreito. Restavam várias horas de viagem ainda.
O balançar da embarcação começou a causar enjôo em Bitts. Ao sair da cabine pra tomar ar, bateu a cabeça no teto baixo e foi ao chão. Provavelmente ia formar um galo. Levantou-se e cambaleou e foi até a popa do navio. Mirou o mar por um tempo com seus olhos dourados, e vomitou.
Um outro tripulante do navio veio correndo em sua direção. Tinha cabelos longos e prateados e usava roupas frescas, verdes e brancas. Os traços de seu rosto eram suaves, e seu nariz pontudo. Seus olhos eram verdes da cor do mar.
Ele levantou Bitts lentamente e fez ele se apoiar em suas costas. Porém eles escolheram o momento errado para isso. O navio bateu em uma rocha grande, e ambos foram atirados ao mar violentamente. A água estava gelada. Um dos fracos de Bitts era não saber nadar. Não demorou muito para que desmaiasse com uma pancada na cabeça de alguma pedra.

Estava muito claro, a grama no chão dava coceira e as costas e a cabeça de Bitts doíam muito. Ele estava sozinho.
Quando conseguiu abrir os olhos direito, viu que estava em uma espécie de floresta. E quando olhou melhor ao redor, reconheceu o local. A Península Antiga. Nunca fora lá, mas sempre vira imagens deste lugar. Vegetação fechada e escura, muitas rochas no solo, e um sol fortíssimo. Ao longe ele conseguia vislumbrar uma torre em ruínas. Era um posto avançado dos Guardiões, uma ordem de guerreiros que protegia as Zilli. Havia três classes: os Jovens Guardiões, guerreiros de alto posto militar recrutados para a organização, os Mestres Guardiões, são muito poucos – três em Migi-Zilli – e dizem que tem "poderes". Eles quase nunca são vistos, portanto não se sabe sobre eles. A terceira classe é a dos Guardiões Anciãos. Dizem que tem séculos de idade, mas já não são poderosos como os Mestres. Eles são os governantes das Zilli desde muito tempo atrás.
Bitts estava se levantando quando sentiu uma pontada nas costelas e se deitou de novo. Será que aquele homem que caíra com ele ainda estava por ali?
Sua resposta chegou logo. O mesmo homem vinha andando em sua direção com madeira nos braços e um sorriso infantil no rosto. Suas roupas estavam molhadas e surradas agora… assim como as de Bitts.
- Não se levante ainda – disse o homem. – Você não está bem. A propósito… meu nome é Matyt.
- Eu sou Bitts – respondeu ele. – O que houve?
- Bem, quando caímos, você desmaiou e eu te levei até a costa. Mas ainda bem. Houve uma onda que fez o navio se esborrachar contra uma enorme rocha… e explodir. Parece que foi um milagre pra nós.
- E para o resto das pessoas a bordo, foi uma maldição – retrucou Bitts, desanimado.
Matyt pegou a madeira e fez rapidamente uma fogueira. Ao que parecia, ele era bem hábil. Trouxe alguns peixes, e juntos os dois comeram bastante. Provavelmente o resgate chegaria no dia seguinte. Não falaram quase nada um com o outro, e deitaram-se rápido, caindo em sono profundo.
Bitts acordou no meio da noite. Mirou as estrelas brilhantes por um tempo, depois olhou para as luas. O céu não tinha nuvens. Levantou-se, sem saber o que ia fazer, e andou até a árvore mais próxima. Apoiou-se nela, estava tonto novamente. Vomitou. Jogou-se no chão ali mesmo, sem conseguir se levantar nem dormir. Foi quando, em meio às árvores e arbustos, surgiu a figura de um homem alto muito machucado. Carregava um arco verde que emitia um forte brilho. Sua aljava estava cheia de flechas igualmente brilhantes. A cinta que segurava a aljava era cheia de espinhos. O rosto desse homem estava murcho e desfigurado no lado direito, e parte dele coberta por placas de metal. Deu um grito ao avistar Bitts, e apontou seu arco para ele. Matyt acordou repentinamente e se sobressaltou a ver a figura assustadora.
- Quantos anos tem Bzil? – indagou bruscamente o homem.
- O que… do que está falando? – retrucou Matyt.
O estranho hesitou um pouco, tremulou, e abaixou seu arco. Pôs a mão na fronte de Bitts e murmurou algumas palavras estranhas. Então levantou a mão, murmurou outras palvras. Bitts e Matyt estavam imóveis.
- Vocês nunca me viram aqui.
Um raio caiu do céu na palma da mão do homem, o chão tremeu, e ele desapareceu em um grande flash. Ainda chocados, os dois jovens não conseguiam sair do lugar.
- Ele… ele fez algo comigo – disse Bitts, sua voz tremulava. – Ele… me curou.
- Curou? Curou do que? – disparou Matyt.
Os dois se entreolharam. Bitts então se sentou e voltou a olhar para o céu. – Eu tenho, ou melhor, tinha, uma doença. Nenhum cientista ou curandeiro pôde identificá-la. Mas era bem normal eu começar a passar mal, sentir dores, e não conseguir respirar. Quase fiquei sufocado várias vezes, sempre vomitava e tinha tonturas, fora a dor constante no meu coração. Sempre estive pronto para morrer. Por isso quis me tornar escritor, para ao menos deixar um legado antes que minha vida acabasse. Então… hoje… meu coração parou de doer, e minha tontura passou – terminou ele, com um suspiro.
Matyt ficou incrédulo. Abriu a boca e fechou duas vezes, sem saber o que dizer. Na terceira vez, foi interrompido por um grito vindo de longe.
- Aí estão eles!
Um homem com um macacão azul correu até os dois. – Finalmente encontramos vocês! Estão bem? – Os dois estavam perplexos. O resgate havia chegado!
Sorrindo, se ergueram enquanto o som de botes pela água se aproximava. Iam finalmente chegar ao seu destino.
Um outro raio caiu, longe dali. Bitts se assustou e gritou. Olhares indagadores caíram sobre ele.
- Desculpem-me… estou apenas… ansioso.

- Não pense que escapará também, Mujy – sussurrou o homem vestido de preto e dourado. – Nos dirá onde seus companheiros estão.
- Nunca – cuspiu Mujy antes de ser atingido na cabeça com uma paulada e cair da cadeira em que estava, contraindo-se no chão da pequena sala escura e abafada.
- Pensa que pode nos desafiar só porque é um Guardião? – riu o homem vestido de preto e prateado. – Não somos uns idiotas quaisquer como os Inimigos. Somos os embaixadores de Razakk.
- Que se dane quem vocês servem – gritou Mujy.
- Que pena... terei que te machucar mais ainda – disse o terceiro homem das sombras. Levantou-se e revelou sua cara feiosa e barbada. Suas roupas sujas de terra fediam. Ergueu seu punho enorme e o lançou para frente. Logo em seguida, veio a dor, e tudo escureceu.

-------------------------------------------------------------------------------------------------

Apenas o começo, apenas o começo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário